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janeiro 02, 2016

A Arte de Curar o Sofrimento do Mundo

Nunca é uma forma fácil de se criar tamanha natureza de poder.
Não sabemos se isso é líquido, sólido ou gasoso.
Se é praticável por um ou muitos.
Se é um complemento ou um principal.
Se brilha como a luz ou como as trevas.
Um desejo ou uma prece?

Quem sabe?!
Andei pelas trevas por bastante tempo.
Para encontrar a luz novamente, tive que fazer muito sacrifícios.
Perdi muito e ganhei também muito em troca.
Só preciso enxergar.
A primeira epifania dessa arte.

Conquistei amigos, e do erro nasceu a saudade...
da teimosia a aquela lembrança...
pura sensação... sorriso invertido.
Um tipo de amor que transcende a tentativa de observar à distância.
A força de saber que você está bem.
O que é amor, senão um conjunto infinito de sentires, a palavra sem palavra.
A dor do aprendizado da dor.
Uma sabedoria em saber despedir-se junto ao despedir.
Uma forma de crescer mantendo-se o ciclo infinito do devir.
A natureza da natureza.
O segundo insight.

Do encontro de almas, um esbarrão fez tudo claro novamente.
Um dom nasceu, do dom de sentir-se-senti-o-outrem.
Uma maneira de traduzir a emanação aurética dos outros.
Sentir a presença...
Fazer-se presença...
Afastar presenças...
Suportar a solidão sozinho.
Uma tarefa solitária em se solidarializar-se.
Sentir o calor das melodias e dos sentimento a flor da pele.
Queimar... inflamar as emoções.
Uma forma ardente de perdoar-se e perdoar o não dito.
A terceira arte, a clarividência compreensiva.

Da morte a vida, um traço fundamental nasce-morre.
O traço dos passados presentes, dos presentes futuros.
As pegadas na areia do tempo que não querem se apagar com o tocar do oceano da vida.
E porque o passado deveria deixar de ser passado ou ter passado?
Por que o vento precisa deixar de correr?
A briza a tempestade suicida precisa passar.
Novo ares respirados, redemoinhos e caleidoscópios de poeira as lágrimas deixar rolar.
Aprendemos com esses novos erros e eles aprendem com a gente.
Um abraço dirá tudo, ou dirá nada para sentir os afetos do acalanto.
O adeus precisa ser dito...
as asas precisam ser abertas novamente para podermos voar.
A quarta criação, vivência da alma.

O mais difícil de todos, o enigma da vida, o 'será'!
O maior dos medos da humanidade que resta na humanidade.
O segredo das inseguranças, aquele 'não' petrificante.
Maioral de todas as fugas seja do pensar ou do agir, do responsabilizar-se ou do sobreviver.
Aquilo que ainda não temos ninguém para compartilhar, cercados, na certeza, unica esta, que só nós podemos viver.
A esperança que temos em não esperar: o fantasma da esperança.
Desejamos não esperar, mas criamos estas por capricho da lógica ou das nossas expectativas (doces ou amargas).
Algo tão infinitamente precioso, que fazemos tanto por tanto como se fosse tudo.
E como uma transcrição fadada a doença do viver, a crueldade humana se perpetua como uma graça dos primeiros segundos do nascimento do cosmos.
A quinta essência, o poder de poder sempre voltar a nascer como uma nova vida.
O fim da dor se encontra em curar esse vazio no mundo.

[JC]