Aquele escuro de aonde uma brisa constante e frígida nos abala a coragem - sabemos, contudo, que todos nos abandonaram, e estamos a um minuto de sermos engolidos pela escuridão.
A vela tem sua última chama de esperança prestes a silenciar o brilho flamejante.
Quando se está diante desse fim, três caminhos até o fundo podem ser traçados.
O primeiro, pode vir da coragem. No momento da queda, mover-se o corpo para que o rosto fique no sentido da gravidade, indo direto para a escuridão, indo até o fim, no momento em que não haverá mais luz e então ver no precipitar da realidade no seu reflexo monstruoso. Sabedoria das trevas.
O segundo, pode nascer da ilusão. Um segundo depois que a queda começa, colocar-se de joelhos para inclinar o rosto para aonde a luz ainda habita, e não importando a profundidade, sempre preferir naquele ponto claro na boca no monstro, tentar ainda reter uma esperança de sair de suas entranhas. Sabedoria da luz
O terceiro, pode-se simplesmente desistir. Deixar o corpo ao sabor da queda, do nonsense, da metástase da dor e do desespero da morte. Simplesmente, não se mexer mais, na esperança que algo aconteça. Uma mão desça e lhe salve da queda livre.
A vida hoje me desafia a olhar no abismo.
Os monstros que combati, me fizeram ter garras.
As dores que conquistei, cobram minhas negligências.
O sentimento que senti, começa a me trair nos momentos escuros.
Estou ficando só.
Dia após dia.
Estou ficando sem tempo.
Como é triste não encontrar uma saída.
Um amigo lhe esfaquear pela costas e fazer um cordel de suas tripas.
Estou ficando só.
Um doce sozinho.