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abril 23, 2018

Fragmentos


Nos achamos donos dos vasos do tempo, procurando no chão aqueles cacos e mais cacos do material que sedimentamos colasticamente ao ornamentamo-lo dia a dia, mas ele sempre está vazio a medida de onde conseguimos preenche-lo com alguma coisa.

O tempo de vida é seu conteúdo misterioso, para uns é líquida outro terrena, e há àqueles de pura brasa ou só tempestade.
Seguimos a colacionar pedaços como se tudo pudesse retornar fatidicamente ao mesmo quando não o faz nas mesmas entranhas, e mesmo nessa doçura achocolatadamente amarga seguimos não numa tentativa em vão, mas numa sabedoria de que estamos aficcionados pela aspereza do tempo barrídico, sedimentar, arredio e imemoriável.
A morte leva pedaços, e somos arrogantemente a "única" espécie que deseja lembrá-la de nós e dela mesma.
Esse pedaço não está perdido, ele está aonde foi deixado, mas mesmo assim, vivo em nós como um espaço globular de sentidos invisíveis e ternos. Esses fragmentos lembram-se de você quanto você lembra-se deles.
A certa distância no espaço e no tempo, seu avô está vivo contigo, tudo não passa de um salto quântico entre as estrelas, mas lembre-se, caro companheiro do filosofar, as estrelas que você olha no céu a noite, estão olhando para você e seu avô no passado, tal como para você é o presente. Tudo não passa, em suma, entre vida e saudade, de espaço entre as estrelas.
Saiba ler nessa anedora torta que satiricamente tenta apontar usando seu dedo indicador o céu à noite antes de te permitir sentir esse espaço dos fragmentos do tempo.

outubro 02, 2017

Chega de Pequeno Príncipe, estamos mais para Indiana Jones!





Alegoria do Salmão
Mal sabemos, mas todos nós somos pequenos arqueólogos. Irremediavelmente, fugirmos em desespero do sentir-se vazio, corremos e tentamos sair do passado, das dores e dos inconvenientes do mundo das coisas. Muito embora, a fuga pareça ocorrer no chão firme, isso no interior teor da (in)justeza dos fenômenos que no pensar pensante realizamos. Estamos salmão? 
                Nem pouca ou nem muita, tenho dúvidas nas flutuações da realidade, mas hoje consigo só achar um possível estado para nosso correr. Corremos sobre as águas. Nadamos no risco e na alegoria do salmão contra a correnteza e os ursos. Realizamos cada braçada, conservando o ímpeto ou não o fôlego, e astutamente, esquivando-se das armadilha, embora, algumas tenha mais do que dentes. Contra isso, almejamos a liturgia principesca, como se isso reagisse contra os medos. Penso que só os fortalece.

O temor de todos os humanos
Nos achamos da realeza ou algo do tipo. E por quê não seríamos. Com um pouco de esforço e disciplina, chegamos ao status físico que os holofotes almejam, e só descobrimos/entendemos que amamos isso, dois segundos depois do gracejo gentio sobre as genitárias. Esse pequeno príncipe, tem seu homem da mascara de ferro. Alí, no exato lugar aonde não precisam vê-lo, pois se for visto, perderemos a santidade da coroa principesca. É ingenuidade infantil, acharmos que nada nos vê ou não detectam nossos calabouços. Uma hora damos a chave à alguém. E então, voltamos a ligar para a correnteza.

De volta aos auspícios, espúrios e aquiescências da labuta, tornamos a fazer um pouco mais conscientemente a tarefa da fuga e do reencontro às escondidas com as dores do mundo. Agora, mais escondida(mente). O medo ainda existe da descoberta, porém, com o ganho há mais medo, com a perda há mais liberdade.

Nesse exercício, poucos descobrem, mas de braçada em braçada, de água nas mãos em mãos, no fluxo silencioso que vos cerca, no esforço estrondoso que realizamos pela vida, o que fazemos é algo muito parecido com o escavar a terra esquecida. Não há tanta poética assim como parece. Existem tantos entulhos no ir como no vir. Não parece, mas a percepção mente as vezes, pois se tudo que existe, foi, e tudo a frente não existe, no por vir, logo há algo estranho nisso. Não somos privilegiados! Esse mundo não foi feito para nós, ou só para nós. Quando aprendemos isso, descobrimos o ofício de arqueólogo.

Saímos da realeza e nos deparamos com a ralé, ou como prefiro dizer, o estado/status de todos os animais.

setembro 16, 2017

A "arte das Pontes"

Uma Ponte Qualquer


(Július Caesar)

Há tantas paredes no mundo. Nosso o mundo?
Quadro no quarto.
Doze na casa.
Seis a nove no templo.
Quinze na universidade.
E cerca de vinte e oito no trabalho.
Paredes abertas e paredes fechadas.
Umas sem fechar as quatro dimensões, outras de ângulos obtusos, retos e agudos.
É dessa forma que a vida tem existido, cercada por paredes.
Quando é que vamos construir/pensar menos em paredes e mais em pontes.
Para uma ponte, as fundações não precisam ser totalmente robustas, apenas fortes o suficiente para que duas ou mais pessoas possam passar pelo seu trajeto.
Precisam ser construída de um lado e do outro.
Ambos se olham, desviam olhar e não sabe bem se aquele projeto arquitetônico irá prosperar, mas ainda assim, continuam a construir e a colocar concreto, areia e esforço.
Dos três materiais, creio que deixamos o esforço de lado.
Queremos o fácil, o instantâneo e o constante.
O absurdo do controle parece corromper o devir da vida.
Como se ela estivesse à nossa disposição, quando não está.
O rio corre, independente do que fizermos.
O fluxo nos atravessa inconstantemente-constantemente.
Isso precisa mesmo fazer sentido?
Construir mais e mais paredes será de fato a solução para a manutenção dessa sensação de segurança?
Paredes não tem mesmo rachaduras?
Precisamos mesmo dessa noção de proteção?
Acredito que em algum ponto, no desenho do quadrado, nos tornamos paredes.
Acho que no fundo, nos esquecemos o sabor de construir pontes.
Uma linha entre mim e você.
Pontes entre eu e tu.
Pontes entre nós e eles.
Pontes entre o que discordamos e o que concordamos.
Pontes entre amigos, aqui, ali e acolá.
Pontes entre indivíduos e os demais animais.
Pontes entre pais e filhos.
Pontes entre famílias.
Pontes entre religiões.
Pontes entre o conhecido e o desconhecido.
Pontes do corpo-mente.
Pontes da fé-espiritualidade.
Nos esquecemos das pontes!
Que triste...

Quando será que vamos nos esquecer dessas paredes?
Quando foi a última vez que você fez uma ponte?

julho 17, 2017

Laços Ocultos

(Julius Caesar)
Somos escravos da poesia liberta.
Ora inverdades, como te atreves ao doce niilismo?
Migra ao topo dos infernos gélidos para solicitamente sorrir entre às três saudades esquecidas.
Como tu podes comporta-te como abutre, sobrevoa faminta, pela carcaça das histórias partidas.
Sacia-se com a partes frágeis e débeis do corpo, nem menos nem mais, apenas o brilho dos teus olhos.
Maldito ditame, (in)imerecido afeto.
Oh! Razão das tolas palavras.
Vazios vôs move.
Aprendizados a tornam obscuridades transitórias.
Passos indemonstráveis. Soluços silenciosos.
Agrada-me nos segundo infames, mas me marcas a porrete quente no rosto e nas lágrimas.
Poesia de morte, me vísceras ao som dos uivos.
És tão donzela quanto a Morte solícita, ou assumes o absurdo da repetição...
Faça sua vítima, torne-me criança, sobretudo de coração.
Cresça os fiéis e os (in)fermos dentro de mim.
Mas não me tome o que me deste no dia escuro dessa minha meretriz(te) decisão.
Trago-te a resposta em meu nome. Sois o fim soslaio. Sois a verdadeira morte imatável de mim mesmo.

O quinto cavaleiro, nem o branco e nem o negro, apenas o cinzento.

junho 28, 2017

Os olhos bem abertos do abismo

Quando estamos diante do abismo, sozinhos, olhamos para o fundo.
Aquele escuro de aonde uma brisa constante e frígida nos abala a coragem - sabemos, contudo, que todos nos abandonaram, e estamos a um minuto de sermos engolidos pela escuridão.
A vela tem sua última chama de esperança prestes a silenciar o brilho flamejante.
Quando se está diante desse fim, três caminhos até o fundo podem ser traçados.
O primeiro, pode vir da coragem. No momento da queda, mover-se o corpo para que o rosto fique no sentido da gravidade, indo direto para a escuridão, indo até o fim, no momento em que não haverá mais luz e  então ver no precipitar da realidade no seu reflexo monstruoso. Sabedoria das trevas.
O segundo, pode nascer da ilusão. Um segundo depois que a queda começa, colocar-se de joelhos para inclinar o rosto para aonde a luz ainda habita, e não importando a profundidade, sempre preferir naquele ponto claro na boca no monstro, tentar ainda reter uma esperança de sair de suas entranhas. Sabedoria da luz
O terceiro, pode-se simplesmente desistir. Deixar o corpo ao sabor da queda, do nonsense, da metástase da dor e do desespero da morte. Simplesmente, não se mexer mais, na esperança que algo aconteça. Uma mão desça e lhe salve da queda livre.
A vida hoje me desafia a olhar no abismo.
Os monstros que combati, me fizeram ter garras.
As dores que conquistei, cobram minhas negligências.
O sentimento que senti, começa a me trair nos momentos escuros.
Estou ficando só.
Dia após dia.
Estou ficando sem tempo.
Como é triste não encontrar uma saída.
Um amigo lhe esfaquear pela costas e fazer um cordel de suas tripas.
Estou ficando só.
Um doce sozinho.

março 12, 2017

Ditos de um Alquimista do Aço


"Aprender uma lição sem dor não tem significado.
Isso porque as pessoas não conseguem obter nada sem sacrificar alguma coisa.
...mas quando elas superam as dificuldades, e conseguem o quer, as pessoas conquistam um coração forte que não perde pra nada.
... um coração forte como o aço!"

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Edward Elric (Fullmetal Alchemist Brotherhood)

fevereiro 15, 2017

Pandemônium

Estou perdendo os sono.
Sempre me disseram: "o mal que fizestes voltarás contra ti um dia."
De certo modo, compreendi o que isso significa.
Não que eu tenha sido o mal em si, mas que meus erros cobram-me um preço por tê-los cometido.
O dias não parecem estar por melhorar.
A tempestade parece aproximar-se lentamente.
Não sei ainda o que fazer.
... o controle
... o jogo.
... os amigos.
... a pouca vida que duramente construí.
Não sei o que sentir.
É confuso a insegurança e a incerteza do amanhã.
Os números não mentem.
Preciso encontrar uma saída, e logo... ou tudo terá acabado antes de terminar.
Vou pagar meus débitos com as pessoas que devo de fato.
Mas não vou ma ajoelhar para aqueles que me desprezaram quando eu mais precisei.
Vou encontrar saídas.
Ser criativo, e de alguma forma, dar a volta por cima.
Mas mesmo assim, agora entendo...
... entendo o que a palavra pandemônium quer dizer na vida de alguém.
Mais uma experiencia, vivo ela agora e sempre.
Vivo a solidão de escolher, e a solidão de ser escolhido.
Vivo na solidão de sentir as consequências por ser e ter sido isso.
Enquanto isso, acho que meu sono poderá voltar...