Não é curioso pensar o que nos faz criadores, muitos observarão os textos sagrados, outros a consciência criadora e sua potência, mas poucos questionarão o silêncio e o entre-eu. Deixar de observar os nós, aquela suspensão entre o vazio e o cheio há perder de vista, é como passar pelas páginas de si sem encontrar o capítulo exato do criacionismo-interior (a matéria-prima original). Me pergunto o que se pergunta os demônios e espíritos benfazejos que habitam nossas condições de viver, pois o viver na sua amplitude e densidade navega por um mar de tempo e espaço, redemoinhos de ir e vir simultâneos cheio de sombrosidades rasas e ancoradouros profundos.
A poesia parece ser libertadora, mas as correntes da linguagem prendem aquilo que traçamos como liberdade. A própria 'liberdade', palavra pela morte e pela vida que lutamos são um preço impagável pela expressão da própria. Incoerência, contradição, frustração, dor, mal - todos limites - sutilezas da criação imperfeita perfeitamente do humano demasiado humano - mas enfim, um/"o" FATO - fato de todos estarmos ancorados num hemisfério cujo lado a lado habita o coração das trevas e a luz do amanhecer do "meio dia". Preciso regar mais esse vazio, o espaço inespacial do coração das criaturas 'humanas', o palco das vidas e dos segundos... Como encontrar algo que nunca se teve, será o movimento ou o descanso - somos parados ou somos o movimento? Como separar a vida da morte? Como saber se é dia ou noite, o que é luz e o que é trevas? Será o interruptor? Será tão fácil assim, é só lugar o binarismo, a apologia ao bem e o mal, ou está para além do bem e do mal? Apegar-se a essas coisas para depois apegar-se ao abraço das coisas e dos 'inominados'. Precisamos dizer, pois falar e pensar são nossa atemporalidade do tempo - o risco das direções indiretas.Voltamos, ou será que nunca saímos de fato do ir?
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